quinta-feira, 11 de novembro de 2010

O beijo.

Naquela hora o mundo parou de girar. Uma avalanche de desejos e sentimentos e emoções que eu nunca sentira arrebataram meu coração de tal forma que eu não tive outra opção senão ficar imóvel apenas sentindo, e sentindo, e sentindo. Uma onda tão grande que me levou para muito longe, tão longe além de onde eu estava. De onde nós estávamos. Sim, você viajou comigo nesta viajem longa e maravilhosa ao desconhecido.
Nós nos mantínhamos imóveis, unidos por algum laço invisível, quente e muito forte. Mas apenas esse laço mantinha nossos corpos firmes no chão, pois nossas mentes voavam longe, para outro país, outro mundo, quem sabe até outra dimensão... Não estávamos mais aqui. Agora o som invadia nossos pensamentos, uma melodia triste que nos fazia chorar de alegria,
uma melodia que nos dava fome e ao mesmo tempo saciava nossos maiores desejos.
Os nossos sorrisos, sincronizados, diziam muito mais do que um livro inteiro, mais que todas as palavras, mais até o que nós mesmos poderíamos dizer ou pensar. Naquele momento, era apenas eu e você. Não existia mais ninguém no mundo, nenhum problema nos importava, nenhuma pessoa poderia nos tirar do nosso mundo particular.
O momento acabou tão depressa quanto começou, aos poucos o laço que nos unia fortemente foi afrouxando, até se dissolver em uma névoa de desejo e paixão. Sobrou ainda aquele gosto de quero mais, mas o momento havia passado.


Anne

sábado, 2 de outubro de 2010

A dama e o Hippie

Todo dia, Andy acordava no mesmo horário, lavava o rosto e secava na toalha branca a direita do espelho. Escovava os 32 dentes por 15 minutos e enxaguava por mais 5. Ia à cozinha, tirava o pó de café do armário e colocava duas colheres para três xícaras. Enquanto esperava o café ficar pronto, ia até seu guarda-roupa e separava a roupa do dia. Depois voltava ao banheiro, desta vez para tomar um banho curto, porém revigorante.
Não demorava muito pra se secar e ia tomar seu café da manhã. O pão, comprado no dia anterior, era cortado em fatias e recebia por cima, uma grossa camada de geléia de morango. O café doce e forte, esperava para ser tomado, sempre depois da terceira fatia de pão. Comia uma fruta em seguida.
Voltava para o banheiro pela ultima vez, escovava novamente os 32 dentes por 15 minutos, enxaguava. Passava uma maquiagem leve e ia para o trabalho.
Andy morava por conta própria desde os 20, e desde esse tempo criara hábitos simétricos para si mesma. Raramente saia, quando em quando ia para alguma confraternização do trabalho ou algum churrasco da turma da faculdade.
Não bebia, não fumava, não gostava de se arriscar. Não dirigia por medo de atropelar alguma velhinha no "transito caótico" da cidadezinha do interior.
Certa feita conheceu Marcos, um hippie maluco que gostava de gatos e morava com os pais. Ele bebia, fumava, era vegam por amor aos animais. Ativista de uma ONG que protegia a Arara-Azul e de outra contra o desmatamento da Amazônia. Não trabalhava de carteira assinada, mas fazia pequenos bicos pela cidade. Cortava a unha do pé de mês em mês, e raramente lembrava-se que tinha dentes.
Apaixonaram-se, e, como ninguém tinha nada contra, casaram-se.
Foram felizes, mas acabaram se separando. A unha do dedão incomodava bastante de noite.


Anne

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Reaprendendo


"Depois de anos sem tocar, eu sabia que chegara a hora. Como um hábito costumeiro, passei breu em meu arco antes mesmo de saber que musica tocaria. Respirei fundo e abri a partitura a minha frente. As notas me eram tão familiares que eu não precisaria de nenhuma pauta me lembrando o que ou como deveria tocar. Mas eu preferia assim. As notas gravadas no papel ajudariam a me concentrar. Algo que se tornara cada vez mais difícil nos últimos dias.
As primeiras notas fluíram facilmente. Meus dedos, embora desacostumados acharam logo a altura de cada nota. Descobri que não era mais ágil como antigamente, e, depois de terminar a música sentia meus dedos dormentes. Meu braço também doía, mas não me importei.
Havia também uma notável diferença entre a última vez que toquei e agora. As notas soavam sofridas e fracas, tristes. Talvez fragmentos de minh'alma, que eu lutava para reconstruir. Antes, e parecia ser tanto tempo atrás, eu era muito mais livre, não tinha tanto peso no coração. Isso refletia em minha musica, que era sempre ousada e rápida.
Escolhi a primeira musica, minha criação, aleatoriamente. Mas, ainda assim tive vontade de chorar quando a terminei, pois eu a sentia em antigas feridas que custavam a curar.
Ainda não satisfeita, procurei outra, alguma mais alegre, e coloquei acima da anterior. A seqüência era mais simples, uma das primeiras melodias que compus, quando eu ainda era musicalmente imatura. As repetições agudas faziam meu coração acelerar e eu lembrava dos momentos alegres que vivi.
Minha vida não era ruim. Mas eu não era feliz. Sentia no meu coração e na minha musica que algo muito maior que eu mesma me escapava pelos dedos.
Descobrir o que era, só cabia a mim."




Anne

Começando pelo começo

Olá!

Primeira postagem, blog novo... Sempre aquela emoção de iniciar uma nova jornada...
Para este blog separei um cantinho especial da minha mente... O espaço onde estão guardados todos os meus sonhos... Todos os personagens que vivem em minha mente... Darei vida a eles, brindo a janela da minha imaginação... Por que este blog é a favor do direito de sonhar.

Espero de coração que gostem!

Abraços,
Anne Luka