"Depois de anos sem tocar, eu sabia que chegara a hora. Como um hábito costumeiro, passei breu em meu arco antes mesmo de saber que musica tocaria. Respirei fundo e abri a partitura a minha frente. As notas me eram tão familiares que eu não precisaria de nenhuma pauta me lembrando o que ou como deveria tocar. Mas eu preferia assim. As notas gravadas no papel ajudariam a me concentrar. Algo que se tornara cada vez mais difícil nos últimos dias.
As primeiras notas fluíram facilmente. Meus dedos, embora desacostumados acharam logo a altura de cada nota. Descobri que não era mais ágil como antigamente, e, depois de terminar a música sentia meus dedos dormentes. Meu braço também doía, mas não me importei.
Havia também uma notável diferença entre a última vez que toquei e agora. As notas soavam sofridas e fracas, tristes. Talvez fragmentos de minh'alma, que eu lutava para reconstruir. Antes, e parecia ser tanto tempo atrás, eu era muito mais livre, não tinha tanto peso no coração. Isso refletia em minha musica, que era sempre ousada e rápida.
Escolhi a primeira musica, minha criação, aleatoriamente. Mas, ainda assim tive vontade de chorar quando a terminei, pois eu a sentia em antigas feridas que custavam a curar.
Ainda não satisfeita, procurei outra, alguma mais alegre, e coloquei acima da anterior. A seqüência era mais simples, uma das primeiras melodias que compus, quando eu ainda era musicalmente imatura. As repetições agudas faziam meu coração acelerar e eu lembrava dos momentos alegres que vivi.
Minha vida não era ruim. Mas eu não era feliz. Sentia no meu coração e na minha musica que algo muito maior que eu mesma me escapava pelos dedos.
Descobrir o que era, só cabia a mim."
Anne
não lembro de ouvir você falando do novo blog, por falta de atenção, talvez...
ResponderExcluirachei por acaso, lendo o Coisas de Anne!
Mas posso te contar uma coisa??
achei lindo! vc tem a habilidade de encontrar os sentimentos no seu coração e deixar transparecer em suas palavras...
Parabéns!
Bjs
Gi