Então resolveu sair para o mundo, conhecer coisas novas, caras novas, viver situações novas. Vendeu tudo o que tinha, se livrou de tudo o que a prendia no mesmo lugar. E foi... Foi sem pensar para onde iria. Nunca dormia mais de um mês em um mesmo lugar, julgava ser esse a melhor maneira de encontrar o que não havia perdido (pois não se pode perder o que nunca teve), o que nunca havia procurado.
Depois de muito andar, conhecia quase todos os lugares, já tinha experimentado tantas comidas diferentes e situações inusitadas, feito tantos amigos, tido muitos amores, adquirido tanta carga emocional, que descobriu que o único lugar que não conhecia ainda e que nunca tinha feito questão nenhuma de visitar era sua alma... Assustada com a estranha revelação, ela sentou-se no lugar desconhecido e sentiu-se vazia. Muito vazia.
Assim, ela começou uma viajem que seria muito mais longa e dolorosa que qualquer outra que ela tinha feito... Uma viajem para dentro dela mesma. Ficou ali, sentada, contemplando o imenso vazio que ela julgava ter sido sua vida até ali. Lembrou-se de cada coisa que tinha feito até aquele momento, cada gesto, cada palavra, cada amizade, cada amor.
Lembrou-se de seus pais, e de cada gesto de carinho dado por eles e recusado por ela. Lembrou de cada amigo perdido, lembrou de cada coração partido. Aos pouquinhos foi se descobrindo, tocando-se de uma maneira que ela nunca havia feito. Tocando sua própria alma. Acariciando-a. Ninando-a. Chorou algumas vezes, por que não faria isso? Riu também, e muito. Riu sozinha. Descobriu que não precisava de ninguém para se sentir bem, mas que precisava fazer muitos se sentirem bem como ela estava. Precisava de pessoas que a cercassem. Precisava distribuir amor e receber amor.
Um minuto mais tarde, soube que toda aquela viajem em busca de uma vida nova e de um lugar, tinha feito efeito.
Depois de muito pensar, levantou-se e concluiu que havia encontrado seu lugar.
Anne
te amo!
ResponderExcluirT.A.