Ela escrevia... Talvez escrever fizesse dela uma princesa em contos de fada distantes e bonitos. Com príncipes, reis e rainhas bondosos, uma corte fiel, amigos, fadas, unicórnios, arco-ires. Talvez, na profundidade se seus pensamentos, pudesse tornar um mundo melhor, o seu mundo particular. Talvez, ela fosse para tão longe que não quisesse mais voltar. E não queria, nunca quis. Nada a prendia ao mundo que vivia.
E, escrevendo, ela esqueceu de tudo o mais que existia. Não havia mais maldade, nem desigualdade. Não havia mais o castelo feio que deixara para trás. Mas também não havia o contato. A troca de carinhos. A asa farfalhante de uma borboleta. O som daquela risada triste difícil de ser ouvida. Os beijos que outrora trocara. As caricias. O amor. Havia apenas sua imaginação. Nunca poderia mais ouvir o coração descompassado. Havia apenas a batida de seu próprio coração solitário.
Mas era muito fácil viver ali... Naquele mundo... O príncipe encantado (o da vida real) tentou diversas vezes resgata-la. Mas ela preferiu a segurança da estabilidade que havia criado para si. Muito melhor do que a incerteza de um coração errante!
(prologo de um livro ainda não terminado)
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